Memorial
Nasci
com a força da luta, conquistei o meu espaço na sociedade capitalista, que
exclui, quando você não tem a terra para trabalhar, busquei me qualificar a
partir dos espaços da escola do campo, com recurso do PRONERA. Nos registros da
luta e da historia pela reforma agraria, deixo minha marca, pois sempre tive a
liberdade de organizar, articular os trabalhadores e trabalhadoras na luta
pelos direitos.
Eu
Maria Dicioneide Fontinele Silva, nasci no dia 04 de agosto de 1970, na
localidade Morro do Chapéu, zona rural de Esperantina, estado do Piauí, hoje
sou Assentada da reforma agraria no Assentamento Cajueiro, na zona rural de
Parnaíba–PI, vivo da Agricultura familiar, trabalho junto com as famílias do
meu assentamento, e sou articuladora da comissão pastoral da terra, em outros
assentamentos e áreas de conflito, faço parte da militância da luta pela terra.
Iniciei
a minha pratica educativa na família, com grande envolvimento no meio social,
aberta a lutar pela dignidade e soberania do meu povo, colocando em pratica os
conhecimentos teóricos da formação das CEB’S.
No
ano de 1976, com 06 seis anos inicie meus estudos com muita dificuldade, em
casa, meu Pai senhor Manoel da Silva Mota, contratou a professora a Tia Maria
das Graças, particular para nos ensinar em casa eram 16 alunos multisseriado,
pois a escola mais próxima ficava a 06 quilômetros de casa, estudei até a 3ª
serie em casa. Estudei a 4ª serie na escola Municipal São Francisco das Chagas,
com a professora Maria José da Rocha. Para concluir o ensino fundamental,
participei de um provão da SEDUC, Na cidade de Barras, no de 1998, no ano de
1999 iniciei o curso do PROEJAPI, com alunos dos assentamentos. Nesse período
vencemos muitos desafios, passamos muitas necessidades, mas era um grupo bem
organizado de luta, no ano de 2002 concluímos o curso enfim nos formamos em
magistério, pelo Instituto Antonino Freire. Nesse período passamos muitas
coisas boas, realizei grandes amizades, valeu apena, estudar com todos esses
colegas.
Na
cidade que hoje moro tem Universidade, mas sempre tive um sonho de realizar uma
faculdade, mas na área que eu me identifico com a agricultura familiar, mas
sempre me faltou recurso para custear os gatos com a universidade, mas sempre
tive a esperança de realizar o curso de nível superior pago pelo PRONERA.
No
ano de 1982 inicie a minha participação nos grupos organizados a convite do
então Padre João Ladislau da Silva, os meus pais não aceitavam a minha
participação na luta pois, morávamos em terra de fazendeiros, mas sempre me
dediquei a luta, organizar o povo levar para ocupar os espaços de cidadania.
No
ano de 1997 iniciei minha militância no movimento sem terra, na ocupação do
assentamento Palmares, município de Luzilândia, no estado do Piauí, passei 02
meses depois foi para a cidade de Floriano, no estado do Piauí, para articular
as famílias para fazemos uma ocupação de terra na Cidade de Uruçuí, junto com
os companheiros Antonio Simão, Valmiram Cardoso, Eliete e Padre Zezinho, no ano
de 1998 realizamos a ocupação de terra no Assentamento Flores com 50 famílias,
com 60 quilômetros da cidade, não tinha acesso a cidade, passamos muitas
necessidades fome, muito frio debaixo da lona preta, nesse período tínhamos o
apoio do Sindicato, da Paroquia e do Vereador do PT do nome Davi, passei pouco
tempo, saímos de lá e deixamos sobre os cuidados das novas lideranças locais e
do sindicato.
Em
1999 no mês de Dezembro, foi morar na ocupação de terra do Assentamento
Cajueiro em Parnaíba, pois lá já tinha 60 famílias acampadas, na terra do DNOCS,
passamos muita fome, sede, discriminação pela sociedade. Enfrentamos 11
liminares de despejo pedidos pelo DNOCS, mas nós sempre estávamos junto com os
nossos apoiadores e com a Advogada Ana Lucia Gonçalves, e com o então deputado
estadual da época Olavo Rebelo.
No
ano de 2003 com a posse do Presidente Lula, Wellington Dias Governador, Padre
Ladislau João da Silva Superintendente do INCRA, o DNOCS, repassou a terra para
o INCRA nos dando a posse, em seguida conquistamos os primeiros créditos,
casas, energia, agua potável. E hoje é vida boa tranquila perto da cidade
grande Parnaíba e dos Plantios do Tabuleiro Litorâneo.
Na
oportunidade a mim dada pelo Curso de Agronomia com ênfase em Agroecologia,
pela minha precária formação básica, tenho a oportunidade de ajudar a
desenvolver a agricultura familiar no meu assentamento, com mais oportunidade
de inclusão no emprego, tudo isso devo a minha dedicação na militância nos
movimentos sociais como MST, CPT e Sindicatos. O curso de agronomia me ajudara
eu desenvolver o conhecimento teórico, colocando em pratica no meu assentamento
a partir da sistematização de conhecimentos, trabalhar sempre em conjunto com
as 54 famílias do meu assentamento, e ter um certificado do curso de agronomia
a partir da pratica de saberes agroecológicos, com a inclusão de famílias que
vivem a partir da Agricultura familiar, tenho uma vivencia no campo, junto com
os movimentos sociais de base, e levarei esse meu conhecimento as
universidades.
Eu
Maria DicioneideFontinele Silva, acredito que nesse curso terei uma formação
diferente das que hoje são formados, nas universidades.
Esperantina
26 de abril de 2015.
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