Casa Grande do Olho D´água dos Negros |
Há dezoito quilometros de Esperantina, existe uma Casa Grande que foi testemunha da história deste Município, porém vive no esquecimento das autoridades competentes. É um lugar muito bonito, que merecia ter mais atenção por todos. A casa está em ruinas e corre o risco de desabar neste inverno de 2012. Foi tombada pelo o Estado, mas em prática está no esquecimento.
História da comunidade Olho D’água dos Pires,
hoje Olho D’água dos negros, tem início no ano de 1847 quando
Mariano de Carvalho Castelo Branco e
sua esposa, Rosa Maria Pires, passaram a administrar a propriedade Boqueirão,
que Maria Rosa e sua irmã Carlota Pires receberam do pai.
Instalando-se no
Boqueirão, Mariano Carvalho Castelo Branco tratou de montar sua fazenda, dando
início à construção da Casa – Grande e trazendo alguns escravos para sua propriedade.
Mariano Carvalho Castelo
Branco e Maria Rosa Pires tiveram três filhos:
- Viriato Rosendo de
Carvalho – Engenheiro formado em Paris morreu na Guerra do Paraguai;
- Belizário Olympio de
Carvalho – Capitão do Exército faleceu na Guerra do Paraguai;
- Eudoro Emiliano de
Carvalho – Engenheiro do Exército, Major, participou da Guerra do Paraguai,
sendo condecorado com várias medalhas.
Em 1892, devido a
problemas de saúde, Mariano C. Castelo Branco, buscando tratamento médico,
muda-se para Parnaíba – PI, deixando sua cunhada Carlota Pires na administração
da fazenda. Inexperiente, Carlota vende a propriedade para seu irmão Valdivino
de Sousa Pires, que por sua vez, entrega a administração da propriedade ao seu
cunhado Manoel Ribeiro.
Por volta de 1900, ao ser
perfurado, uma cacimba se tornou jorrante, dando origem a um olho d’água. A
partir daí a fazenda passou a se chamar Olho D’água dos Pires, em alusão ao
sobrenome do proprietário.
Valdivino Pires e sua
família, no ano de 1907, em virtude do estado de saúde de Manoel Ribeiro (seu
cunhado e administrador do Olho D’água), passaram a morar no Olho D’água dos
Pires. Na propriedade, Valdivino Pires encontrou muitos negros que, por falta
de opção, continuavam morando e trabalhando na terra, ainda sob o regime de
escravidão...
Com a morte do Capitão
Valdivino a fazenda passou a serem administrados por seus filhos Domingos Pires
e Jacy Coelho Pires. Por motivos pessoais Domingos Pires vende sua parte da
propriedade para a irmã. Jacy Pires, filha caçula do Capitão Valdivino,
procurou seguir a mesma administração opressora do pai. Porém, movidos por
sentimentos de revolta e buscando melhores condições de vida, os moradores do
Olho D’água dos Pires passaram a contestar o autoritarismo do algoz jacy Pires.
Em 1994, com sua autoridade enfraquecida e após diversas conquistas da
comunidade, Jacy Pires vende a propriedade para o Dr. Francisco Araújo
Linhares, advogado cearense que reside atualmente em Esperantina...
Já com elevado nível de
consciência e organização, e com o apoio de algumas entidades, os moradores do
Olho D’água dos Pires passaram a negociar com
o Dr. Linhares para que o mesmo vendesse a propriedade. Em 2002, com
recursos de um projeto financiado pela entidade estrangeira Festinofe
(conseguido com intermédio do Centro de Educação Popular Esperantinense – CEPES) e de uma doação da prefeitura
de Esperantina – PI, a propriedade Olho D’água dos Pires foi desapropriada.
Sendo que em maio de 2004 a
conquista maior foi concretizada, a prefeitura deu a propriedade em comodato,
por tempo indeterminado, para a Associação
de Desenvolvimento Comunitário dos Pequenos Produtores da Comunidade Olho
D’água dos Negros – ADECOPOL. Hoje devido ao nível de consciência e o
orgulho de serem negros os moradores mudaram o nome da comunidade para Olho
D’água dos Negros.
Casa de Estilo Rústico Colonial |
Construída em 1847, sob o
comando de Mariano de Carvalho Castelo Branco, a Casa-Grande foi por muito
tempo a sede da fazenda Olho D’Água dos Pires e hoje é a maior reminiscência
histórica da escravidão negra do Piauí.
De estilo rústico colonial a
Casa-Grande do Olho D’Água possui paredes densas como peitoris com varandas em
forma de “U”; muitos cômodos com vários acessos para circulação, característica
que tipificam a moradia rural das sedes das fazendas do interior do Piauí. Na
estrutura da Casa-Grande destaca-se o porão (Aterrado por motivo de
segurança)que era utilizado para aprisionar os escravos...
As telhas fabricadas
pelos escravos, que possuem inscrições gravadas (nomes, datas, desenhos de
animais, frutas e pessoas). Além do olho d’água que deu origem ao nome do
lugar. Todo este patrimônio, que não recebeu os devidos cuidados de
preservação, passou a ser destruído com o tempo...
A Casa-Grande, que hoje é
patrimônio histórico estadual de acordo com o Art. 13 da Lei Nº 4515 de 09 de
novembro de 1992 e tombada pelo decreto Nº 9311 de 23 de março de 1995 do
Governo do Estado, está sob os cuidados da ADECOPOL, pois estes são os maiores
interessados na preservação da historia dos seus ancestrais, histórias dos
escravos negros, história de trabalho, luta e resistência.
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Meninas do Olho D´água dos Negros (Dança do Côco) |
ace ao decreto 4.887 de Novembro de
2003 que regulamenta o procedimento para identificação, delimitação, demarcação
e titulação das áreas ocupadas por remanescentes de Quilombos nos termos do
artigo 68 do ato das Disposições Constitucionais Transitórias e Instrução
Normativa INCRA nº. 16, de 24 de março
de 2004, a
Superintendência Regional do INCRA – Piauí em articulação com o Governo do
Estado do Piauí firmou Convênio do Cooperação Técnico através dos órgãos
estaduais INTERPI – Instituto de Terra; EMATER – PI Instituto de Assistência
Técnica e Extensão Rural; SASC – Secretaria da Assistência Social e Cidadania e
FUNDAC – Fundação Cultural do Piauí na perspectiva de ampliar sua força de
trabalho e infra-estrutura, visando garantir o atendimento às demandas dos
movimentos sociais que representam as comunidades afro-descendentes,
especialmente, a Coordenação Estadual das Comunidades Negras Rurais
Quilombolas, que efetuou o mapeamento das comunidades do Piauí.
Com a aprovação do
“Projeto de Regularização Fundiária – Terras Devolutas Estaduais com
Comunidades Negras Rurais” elaborado pela Divisão Técnica do INCRA – Piauí foi
iniciadas as atividades com uma oficina de Nivelamento no Município de
Paulistana, localizada na região Sudeste, onde existe a maior concentração de
comunidade Quilombolas, contando com a participação dos técnicos e procurador
indicados pelas entidades parceiras e a Coordenação das Comunidades Negras
Rurais Quilombolas com o objetivo de apresentar e discutir a legislação
pertinente e instrumentalizar os técnicos da área cartográfica no uso de GPS
Georreferenciamento de Imóveis Rurais, elaboração de plano de trabalho a ser
desenvolvido em campo. Destacamos como elemento facilitador dos trabalhos,
estudos técnicos em nível de Diagnóstico elaborado através de Projeto de
colaboração Técnica EMATER/ FAO encaminhados ao INCRA com anuência das
comunidades Quilombolas do Estado do Piauí.
é uma pena que as autoridades do nosso estado nao dao a devida importancia para nossa historia, quando se trata da preservaçao de nossas construçoes coloniais,um exemplo é o que acontece aqui em campo maior uma das cidades mais antigas do piaui esta as vesperas de completar 250 anos so de emancipaçao politica e sao poucas as consturçoes que ainda resistem à açao do tempo e o descaso das autoridades.
ResponderExcluirMinhas tias choram hoje ao lembrar q ja correram quando pequenas as varandas da casa grande. É uma pena. Sou da família pires e acho q não vou conhecer mais essa casa😢
ResponderExcluirMinhas tias choram hoje ao lembrar q ja correram quando pequenas as varandas da casa grande. É uma pena. Sou da família pires e acho q não vou conhecer mais essa casa😢
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